domingo, 8 de maio de 2011

EDITAL PARA NOVAS TURMAS DE TÉCNICO EM AGROECOLOGIA NO SERTA

O Serta lançou edital para novas turmas de Técnico em Agroecologia, curso de nível médio oferecido pelo Serta. São duas turmas em Ibimirim de 45 pessoas e uma de 40 em Glória do Goitá. Veja no site www.serta.org.br. Observe os prazos e os municípios que estão contemplados. Maiores informações através de abdalazizdemoura@hotmail.com, aldinete@serta.org.br, janaina@serta.org.br. Junto ao edital encontra-se a ficha de inscrição e mais dois anexos, um para ser preenchido pela Escola, caso o interessado ainda esteja cursando o ensino médio, e outro por uma entidade local pública ou privada apresentando o candidato.

domingo, 1 de maio de 2011

PROPOSTAS ESPECÍFICAS PARA A EDUCAÇÃO DO CAMPO NAS ESCOLAS ESTADUAIS.

O documento que segue é um detalhamento das propostas da Jornada Pedagógica de abril passado em Glória do Goitá. No Blog estarei informando o desdobramento das negociações com o Secretário Estadual de Pernambuco Anderson Gomes. Essas propostas podem servir também para outros estados, sobretudo, para Alagoas, que tem equipe de educadores como multiplicadores da Peads.
SERVIÇO DE TECNOLOGIA ALTERNATIVA – SERTA
PROPOSTA EDUCACIONAL DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL PEADS

EDUCAÇÃO DO CAMPO NAS ESCOLAS ESTADUAIS DE PERNAMBUCO

1. PROPOSTAS ENCAMINHADAS PELOS PARTICIPANTES DA II JORNADA PEDAGÓGICA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO PARA A IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO NAS ESCOLAS ESTADUAIS DO ESTADO DE PERNAMBUCO

2. DOCUMENTO PARA APRECIAÇÃO DO SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DE PERNAMBUCO E DO COMITÊ ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DO CAMPO SOBRE O MODO DE OPERACIONALIZAR AS PROPOSTAS

CAMPO DA SEMENTEIRA, GLÓRIA DO GOITÁ - PE, 5 A 7 DE ABRIL DE 2011

ÍNDICE
APRESENTAÇÃO
1. IMPLANTAÇÃO DA EC NAS ESCOLAS ESTADUAIS
1.1. Nível Inicial – A: Iniciar pelas escolas que já estão no meio rural
1.2. Nível Inicial – B: Recuperar os Centros de Educação Rural – CERU
1.3. Nível Intermediário – C: Selecionar uma Escola onde houver mais de uma
1.4. Nível Intermediário – D: Iniciar com Escola de Tempo Integral no Campo
1.5. Nível Amplo – E: Iniciar nos municípios onde só há uma escola Estadual
1.6. Nível Amplo – F: Integrar as Escolas Técnicas
1.7. Nível Completo – G: Estender a todas as escolas que têm alunos do Campo

2. FORMAÇÃO CONTINUADA DAS EDUCADORAS/ES, GESTORAS/ES, PROFEESSORAS/ES
2.1. Metodologia da Formação, Monitoramento e Avaliação
2.2. Itinerário Curricular
2.3. Quadro de Pessoal já formado existente no próprio estado

3. INDUÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO DO CAMPO JUNTO AOS MUNICÍPIOS E A UNIÃO
4. PAPEL DO SERTA NESSE PROCESSO
5. PROGRAMAS E PROJETOS COMPLEMENTARES PARA A EDUCAÇÃO DO CAMPO
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APRESENTAÇÃO

A Educação do Campo (EC) é a que repassa para os alunos através do currículo da escola, dos conteúdos disciplinares, da didática do ensino e da metodologia usada um conjunto de saberes, conhecimentos, tecnologias e valores que contribui para os alunos descobrirem o potencial de sua comunidade, localidade e território e construírem uma visão positiva sobre seus espaços de vida.

A EC supõe uma concepção de desenvolvimento sustentável e dentro desse, uma concepção nova e inovadora de campo. Aparece na história como uma cobrança dos Movimentos Sociais e Entidades Organizadas da Sociedade Civil por uma Escola que não identifique campo a enxada, a atividades braçais, trabalho de subdesenvolvido, de pessoas que não se modernizaram, de lugar que deve ser abandonado pelos alunos “para não ficar como seus pais, no cabo da enxada”.

A EC acredita em seus princípios, que assim como a escola ajudou a criar nos alunos o desprezo pelo campo, a baixa-estima de matuto, caipira, brocoió, pé rapado estimulando-os a abandonar a terra dos seus familiares, com outra metodologia e valores, a mesma escola pode reverter esse papel perverso em relação ao campo, e ao mesmo tempo, ajudar os alunos a construírem outro campo, que é o que o Brasil precisa no momento histórico que vive.

A EC é respaldada pela LDB, pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, Pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, pelas Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo de 03 de abril de 2002 e pelo Decreto 7.352 de 4 de novembro de 2010, legitimada e reconhecida na II Conferência Nacional de Educação do Campo em agosto de 2004 como Direito de Todos e Dever do Estado.

Em Pernambuco e no Nordeste o Serta foi a primeira instituição desde abril de 1992 a concretizar em uma metodologia de ensino a EC, antes mesmo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. O Serta construiu essa metodologia a partir de uma síntese e interação entre a Educação Popular usada nos movimentos sociais e a educação formal oficial das escolas públicas. Há toda uma literatura que comprova, disponível no site www.serta.org.br e no blog mouraserta.blogspot.com.

O que se apresenta nesse documento é um conjunto de propostas para a implantação da Educação do Campo nas Escolas Públicas do Estado de Pernambuco, amadurecidas ao longo das iniciativas postas em prática nas diversas modalidades de ensino, com muito êxito e sucesso na aprendizagem, inclusive no ensino universitário e na extensão, reconstruídas na última jornada de Educação do Campo entre os dias 5 e 7 de abril em Glória do Goitá com a participação de 440 pessoas.

Essa jornada trouxe uma qualidade nova possibilitando o encontro de pessoas que usam a Peads (Proposta Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável) em estados e municípios diferentes, do ensino infantil ao universitário. Puderam intercambiar suas experiências e práticas e se constituírem como um grupo disposto a divulgar suas vivências para colegas da mesma profissão.

Essas propostas fazem parte de um conjunto maior, em anexo a esse documento. Selecionamos para apresentar ao Secretário de Educação e seus colaboradores as que se referem diretamente à responsabilidade do Governo do Estado, como ente Federativo articulado com a União e os Municípios. E, sobretudo, explicitamos a maneira de executar, um modo operacional para não ficar só no mundo das proposições. O Governo do Estado de Pernambuco, depois dos Seminários Todos por Pernambuco criou condições para que propostas como essas saiam do papel e sejam executadas. Há decisão política de seus gestores e há interesse das comunidades.


Glória do Goitá, 25 de abril de 2011


Germano Ferreira Barros
Presidente do Serta


Abdalaziz de Moura Xavier de Moraes
Criador e sistematizador da Peads


Aldinete Silvino Lima
Responsável pela Formação de Professoras/es

1. IMPLANTAÇÃO DA EC NAS ESCOLAS ESTADUAIS
É evidente que a Implantação da EC nas Escolas Estaduais não se pode fazer simplesmente pela vontade de seus dirigentes. Exige um processo, um tempo, uma maturação. Por conta disso, as propostas estão escalonadas de um nível inicial, simples, imediato, que pode começar logo com baixo custo a um nível mais complexo e amplo. Decisão política, condições objetivas e subjetivas dirão em que velocidade o processo pode avançar. Propomos sete níveis, com o espaço de um semestre ou de um ano para avançar no seguinte.

1.1. NÍVEL INICIAL A: Começar no segundo semestre de 2011 a implantação das Escolas Estaduais que já estão geograficamente no meio rural, nas sedes dos distritos. A motivação é mais fácil, com menos riscos de resistência, com mais probabilidade de se dar conta da sensibilização da comunidade escolar e da formação e capacitação dos gestores, professores, prestadores de serviço e liderança das comunidades e alunos.
A título de exemplos, citamos algumas escolas, mas a SEE tem os quantitativos e os locais em todos os municípios.

1.1.1. Escola Estadual no distrito de Trapiá de Riacho das Almas. Essa escola até o ano passado era do município e vem usando há três anos a metodologia da Peads na EC, e agora passou para o Estado. Inclusive é um campo bem diferenciado por ter a influência do pólo de confecções do Agreste Central.
1.1.2. Escola Estadual do distrito de Umãs, em Salgueiro, a 30 km da sede. Recebe todos os alunos que saem da escola municipal do mesmo distrito, que já aplica a Peads com muito sucesso.
1.1.3. Escola Estadual do distrito de Caraibeiras, em Tacaratu. Também um campo diferenciado por conta do pólo de confecção de redes. Recebe alunos de várias escolas municipais e inclusive, da Escola Municipal do Ensino Fundamental de Olho d’Água dos Brunos, que também usa a Peads com muito êxito.
1.1.4. Escola Estadual do distrito de Riacho do Meio, em São José do Egito, município sensível a EC e tem uma escola municipal de Ensino Fundamental na comunidade de Baraúnas, que envia seus egressos formados com a Peads para essa Estadual.
1.1.5. Escola Estadual do distrito de Jabitacar, em Iguaracy, município cujos professores já tiveram conhecimento da Peads através do Projeto Dom Helder Câmara que divulgou em 2004 e 2005 a Peads em alguns municípios do Pajeú.
1.1.6. Como esses, temos informação de Escolas Estaduais em meio rural nos municípios de Quixaba, Ingazeira... e não seria difícil um mapeamento da própria SEE.

1.2. NÍVEL INICIAL B: Para iniciar no primeiro semestre de 2012 (sensibilização e preparação iniciam-se no segundo semestre de 2011). O Estado de Pernambuco na década de 1980 recebeu do Banco Mundial recursos para construir 17 CERU (Centros de Educação Rural) com toda uma proposta para formar jovens do campo. Na época a sensibilidade pelo campo era rara e essas escolas duraram pouco tempo como escolas para os filhos dos agricultores. Passaram todas para serem Escolas Estaduais sem nenhum diferencial das demais, a não ser o espaço físico que tem para práticas agrícolas. Apesar de ter sido uma proposta muito de cima para baixo, a começar pelo Banco Mundial, tinha uma intenção positiva. Os tempos mudaram e hoje a situação é outra, tanto do ponto de vista pedagógico, político, econômico, social . Poderia ser um bom começo a recuperação dessas escolas para implantar a EC. Em geral, no município onde os CERU estavam situados, tem outras Escolas Estaduais que poderiam permanecer com os alunos originados da sede ou de quem quiser escolher a escola para estudar.
Municípios que tiveram CERU: Vicência, Limoeiro, Gravatá, São Caetano, Serra Talhada, Petrolina. Há mais 11. No total chegam a 17.

1.3. NIVEL INTERMEDIÁRIO C: Para iniciar no primeiro semestre de 2013 (sensibilizar em 2012). Seria aplicar a EC em todos os municípios que têm mais de uma Escola Estadual. O Estado já com a experiência das Escolas dos Distritos, dos CERU, iniciaria essa nova etapa reservando uma das escolas existentes em cada município. Essa selecionada acolheria os alunos do campo ou os que quisessem estudar a EC. Como o preconceito contra o rural é latente na cultura nordestina, teria de ter todos os cuidados para não alimentá-lo nessa distinção entre as duas escolas, na qual uma seria dos alunos da cidade e a outra dos “matutos”! Para isso, a EC teria de ser bem apresentada aos alunos e professores, por quem acredita e conhece e não por qualquer pessoa. Para saber quantas seriam é necessário um mapeamento pelo Estado.
1.4. NÍVEL INTERMEDIÁRIO D: Para iniciar no primeiro semestre de 2014. Seria para iniciar escolas de tempo integral com a Educação do Campo. O diferencial é que em vez de ser só com o ensino médio, incluiria os anos finais do ensino fundamental na Escola de Referência. Decisão política e condições objetivas e subjetivas dirão quantas serão para iniciar e qual o cronograma para ir formando outras. Essas escolas poderiam ser a selecionada nos municípios que estão com mais de uma Escola Estadual, dentro do nível C, ofertando condições especiais contribuindo para evitar o preconceito contra o campo.
1.5. NÍVEL AMPLO E: Para iniciar também no primeiro semestre de 2014. Seria colocar a Educação do Campo em todas as Escolas Estaduais nos municípios que exista apenas uma Escola. Municípios desse porte são considerados pela EC como municípios rurais, em geral vivem em torno da produção do campo e dos serviços prestados aos povos do campo. Porém, têm características de municípios rurais, na concepção analisada por Eli da Veiga e assumida por alguns ministérios federais, como o MDA e pela política pública dos Territórios da Cidadania e de identidades. Para saber quantos são é necessário o mapeamento da SEE.
1.6. NÍVEL AMPLO F: para iniciar no primeiro semestre de 2015. Seria integrar Escolas Técnicas de Ensino Profissional que recebem alunos do campo ou de alunos que assim preferissem. É bom reconhecer que as Escolas Agrícolas, em quase totalidade não usam a EC pelo simples fato de formar técnicos em assuntos do campo! Muito menos as outras. No entanto, a EC tem um diferencial que poderá enriquecer a Educação Profissional do Estado, sobretudo, em relação a metodologia e aos valores, menos em relação aos conteúdos.
1.7. NIVEL COMPLETO G: Para iniciar no primeiro semestre de 2016, em novo mandato político, dentro do universo temporal do Plano Estadual de Educação, a EC seria estendida a todas as escolas aonde estudam os alunos do campo ou para quem preferir.
Quadro sintético
NÍVEL SENSIBILIZAÇÃO EXECUÇÃO
INICIAL A II Trimestre 2011 II Semestre 2011
INICIAL B II Semestre 2011 I semestre 2012
INTERMEDIÁRIO C II Semestre 2012 I Semestre 2013
INTERMEDIÁRIO D II Semestre 2013 I Semestre 2014
AMPLO E II Semestre 2013 I Semestre 2014
AMPLO F II Semestre 2014 I Semestre 2015
COMPLETO G II Semestre 2015 II Semestre 2016

2. FORMAÇÃO CONTINUADA
2.1. METODOLOGIA DA FORMAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
2.1.1. Formação Inicial e Geral: A metodologia de formação continuada e em serviço para a implantação da Educação do Campo nas Escolas do Estado seria modular. Cada educador (gestor, coordenador, supervisor, professor, monitor) passaria por um módulo de três dias no início do semestre. E um monitoramento mensal pelos formadores por escola, ou por um conjunto de escolas do mesmo território. Durante o segundo semestre, de preferência no início outra formação de dois dias, com o mesmo monitoramento. Esse processo dura três anos e deixa as educadoras em condição de desenvolver a Educação do Campo. Se por ventura, alguma não se habilitar nesse período, pode continuar se formando através de outras maneiras, em cursos de reciclagem ou na formação específica.
MÓDULO PERÍODO MONITORAMENTO TOTAL DE HORAS
I – 24 horas I Semestre 3 vezes de 8 = 24 48
II – 16 horas II Semestre 3 vezes de 8 = 24 40
III – 24 horas I Semestre 3 vezes de 8 = 24 48
IV – 16 horas II Semestre 3 vezes de 8 = 24 40
V – 24 horas I Semestre 3 vezes de 8 = 24 48
VI – 16 horas II Semestre 3 vezes de 8 = 24 40
Total de horas em 3 anos 264

2.1.2. Formação específica: A formação inicial e geral corresponde a 264 horas, faltando 76 horas para completar a carga horária de um curso de especialização. As educadoras formadas nesse processo e nessa metodologia, de acordo com sua função, disciplina e desempenho terão acesso a uma formação complementar e específica para atender a necessidades e desafios que a formação inicial e geral não vai responder. Entre essas temáticas pode-se citar:
2.1.2.1. Introdução a Agroecologia e Permacultura para fundamentar uma visão de mundo compatível com a EC;
2.1.2.2. Introdução ao Desenvolvimento Sustentável: história do campo brasileiro, os modelos e projetos de campo do país, o Papel da Agricultura Familiar no Brasil, os movimentos sociais do campo;
2.1.2.3. Formação específica sobre as disciplinas na EC, sobretudo matemática, línguas e português;
2.1.2.4. Formação específica sobre direito e cidadania, direitos humanos, políticas públicas de juventude, da criança, e para a Agricultura Familiar;
2.1.2.5. Outras específicas de acordo com a demanda que for surgindo. As professoras poderiam se capacitar por mais 76 horas em média. Quem completasse essa carga horária teria uma formação correspondente a uma especialização de 360 horas em três anos.

2.2. ITINERÁRIO CURRICULAR
Os conteúdos para essa formação o Serta detém e vem acumulando durante os 19 anos de experiência de formação de professoras do campo, formação de jovens e de agricultores familiares. São 10 temas centrais, geradores de outros, que devem perpassar ao longo da formação e do monitoramento. Esses temas podem ser estudados também de forma sistemática nos cursos para Certificação que o Serta está organizando para iniciar em julho de 2011.
2.2.1. PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DA EC SEGUNDO A PEADS
2.2.2. A REALIDADE E A PRÁTICA SOCIAL ONDE A PEADS INTERFERE
2.2.3. A METODOLOGIA QUE FAZ O CAMINHO ENTRE OS PRINCIPIOS E A REALIDADE
2.2.3.1. A PESQUISA
2.2.3.2. A ANÁLISE E O DESDOBRAMENTO
2.2.3.3. A DEVOLUÇÃO DOS CONHECIMENTOS PARA A AÇÃO
2.2.3.4. A HÉTERO E AUTOAVALIAÇÃO

2.2.4. OS CONTEÚDOS PRIORIZADOS PELA PEADS
2.2.5. A DIDÁTICA E AS DINÂMICAS UTILIZADAS PELA PEADS
2.2.6. OS PROJEOS DE CAMPO PARA O CAMPO BRASILEIRO
2.2.7. A HISTÓRIA DA PEADS E DA EDUCAÇÃO DO CAMPO
2.2.8. BASES LEGAIS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO E DA PEADS
2.2.9. FORMAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DA PEADS E FORMAÇÃO
2.2.10. AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO, ESTRUTURAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA EC

2.3. QUADRO DE PESSOAL

Estado já tem pessoal qualificado para fazer a formação das professoras, gestoras, educadoras. São coordenadoras e professoras do Estado, que já desenvolveram a EC em sala de aula, ou na coordenação ou diretoria de ensino quando serviam à Educação Municipal e agora estão dispersas nas escolas estaduais e GRE. Foram formadas pelo Serta e se tornaram formadoras de outras quando o Serta teve recursos do Projeto Dom Helder Câmara, do Ministério do Trabalho dos Estados Unidos, do MEC e da SEE. Já houve um investimento nessas pessoas. Já conhecem a Peads, participaram da Jornada de EC de 5 a 7 de abril em Glória do Goitá e solicitaram a Certificação do Serta, como pessoas que já estão autorizadas para fazer a formação com a Peads. Fizeram concurso para o Estado ou para as Universidades e foram aprovadas. No Estado hoje tem mais de 20 pessoas nessas condições, o Serta pode identificar e passar a relação dos nomes, locais, escolas e matrículas. Todas têm no mínimo, uma especialização.

A tarefa dessa equipe seria atender a demanda de acordo com o cronograma a partir do segundo semestre de 2011 até 2016, monitoradas pela SEE e o Comitê Estadual. O custo seria bem mais barato do que ir atrás de universidades, de entidades externas. Segundo a Peads, só forma quem já vivenciou, não é uma formação que se possa transmitir só de forma intelectual. Essas professoras estão distribuídas na zona da mata (maioria), no agreste e sertão. Se esse quadro de pessoal não for suficiente, o Estado poderia solicitar o apoio de outras pessoas que estão nos municípios com esse mesmo perfil. Esses dois grupos formariam a primeira equipe de formadoras para as escolas que fossem implantar a Educação do Campo nas Escolas do Estado com a certificação da Peads.

3. INDUÇÃO DE POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO JUNTO À UNIÃO E AOS MUNICÍPIOS
O MEC tem capacidade de induzir os Estados e os Municípios a aceitarem as escolas e decisões definidas em Brasília. Para isso tem recurso financeiro, oferece projeto, avalia, monitora, faz prova, articula, gerencia. O Estado pode fazer e faz o mesmo ou parecido com o MEC em relação aos Municípios. Pode induzir, estimular, propor, articular, financiar, monitorar, assim haja interesse e decisão política do Governo do Estado. Isso acontece não só com Educação, como nas demais áreas da gestão Pública.
Com a Educação do Campo, o processo começou pelos municípios, movimentos sociais e ONG e vem chegando para o Estado. Tem sido um processo diferente do convencional, inclusive com a União. Essa assume em parte a EC como reivindicação dos movimentos sociais do campo, algumas universidades e ONG. A indução é sadia, pode vir de uma instância maior para menor como vice-versa. O Estado de Pernambuco tem oportunidade de propor políticas ao MEC, se aproveitar do que já existe nos municípios e da PEADS, proposta que nasceu em Pernambuco, procurada por municípios e universidades de outros estados.
A EC só estaria instalada em Pernambuco, se também os municípios a adotassem. E neles, as escolas que estão no campo são maioria. Os participantes da Jornada propuseram que o Governo do Estado assumisse um apoio financeiro e organizacional a implantação da EC nas escolas municipais do campo.

4. O PAPEL DO SERTA NA IMPLANTAÇÃO DA EC NAS ESCOLAS ESTADUAIS.
Para o Estado e a SEE assumirem a Educação do Campo precisa de uma institucionalização em todas as suas instâncias. Não quer dizer criar organismos novos para assumir as tarefas novas, pois há o grande risco de se pensar que a Educação do Campo é tarefa dessas instâncias, o que é o risco dos projetos, dos programas, que ficam na tangência, isolados, na dependência da boa vontade das pessoas, da contratação de pessoal, de verbas extras, de convênios com terceiros, de veículos. Enfim, instância que fica sem a governabilidade de suas próprias ações!
Por outro lado, sabe-se que tal iniciativa não poderia ficar entregue a todo mundo, o que equivaleria a ninguém assumir. Daí, a necessidade que da parte da Secretaria haja pessoas e instâncias, com autonomia e interdependência. Um trabalho do Serta junta a SEE precisaria de uma interlocução autorizada, legitimada dentro do conjunto da SEE. Havendo essa interlocução, o Serta pode exercer algumas tarefas, entre as quais:
4.1. Certificação dos formadores na metodologia da Peads. No atual momento histórico esse papel é intransferível. Quem criou, sistematizou, formou pessoas, desenvolveu literatura, material didático foi o Serta. As pessoas formadas na metodologia da Peads solicitaram esse serviço do Serta. O Serta pode disponibilizar todo seu patrimônio intelectual, fazer parcerias, mas não pode abdicar do papel da sua certificação, do seu selo e deixar esse papel para outras instituições, por mais legitimadas que sejam. Para o Serta exercer esse papel vai precisar de recurso público.
4.2. Como certificadores da metodologia, o Serta pode prestar serviço ao Estado de formação e monitoramento, preparação de material didático, articulação da equipe de formadores do Estado.
4.3. O mesmo serviço que o Serta pode prestar ao Estado poderá prestar aos municípios com o apoio do próprio Estado. Ver as demais propostas apresentadas na Jornada Pedagógica de Educação do Campo.
4.4. O Governo do Estado já tem vários precedentes de parceria com outras instituições para implantar sua política, como com o Instituto Ayrton Senna de São Paulo nos programas Acelera e Se Liga, com a entidade Modus Faciendi de Minhas Gerais para o programa das Escolas de Referência (Escolas de ensino médio de tempo integral), com o Banco Mundial para o Programa da Escola Ativa. Não seria, portanto, nenhuma novidade fazer com o Serta, uma entidade do próprio Estado.

5. PROGRAMAS E PROJETOS COMPLEMENTARES A EDUCAÇÃO DO CAMPO
O Estado de Pernambuco já mantém todo um trabalho com as comunidades quilombolas, indígenas, sem terra. Tem também amplos programas com a Escola Ativa e Projovem Campo (Saberes da Terra). Essas propostas encaminhadas se referem a EC nas Escolas Estaduais, para todas as escolas que tem alunos do campo, que são as escolas comuns, convencionais que existem nos município e que estão dentro do sistema regular e oficial. Os projetos e programas podem se beneficiar dessa implantação, o Programa Saberes da Terra poderá estimular mais os seus alunos a continuarem o estudo nas escolas convencionais, pois encontrarão nelas a continuidade do que estudam hoje no Programa.

6. Referências Bibliográficas:
LEIS DE Diretrizes e Bases da Educação 9.394 – 1996, art. 26 e 28
CNE - Diretrizes Curriculares Nacionais – 1998
MEC - Parâmetros Curriculares Nacionais – 1997
CNE/CEB – Resolução 01 de 3 de abril de 2002
Decreto 7.352 de 4 de novembro de 2010
VEIGA, José Eli, Cidades Imaginárias, o Brasil é menos Urbano do que se Calcula. Campinas. Editores Associados 2002.
MOC, UEFS,SERTA, Educação Rural: Sustentabilidade do Campo. Feira de Santana, 2003
SILVA, Maria do Socorro, Os Saberes do Professorado Rural: Construídos na Vida, na Lida e na Formação. Dissertação de Mestrado – UFPE, Recife, 2000.
MEC, Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo, Referências para um Política Nacional de Educação do Campo, Caderno de subsídios, BSB 2004.
MOURA, Abdalaziz de, Princípios e Fundamentos da Proposta Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável, Recife, Serta, 2003.