segunda-feira, 29 de agosto de 2011

UM BOM MOMENTO PARA A LUTA PELA EDUCAÇÃO DO CAMPO

Em Brasília tivemos o lançamento na semana passada da Frente Parlamentar pela Educação do Campo com mais de 200 deputados federais. No mínimo, esse grupo já ficou sabendo de muitos entraves para a efetivação da Educação do Campo. Possivelmente vão perguntar em seus estados e bases eleitorais a quantos anda a Educação do Campo, prefeitos e secretários estaduais vão tentar responder e explicar. A mobilização dos movimentos sociais e do fórum nacional de educação do campo está forte e de parabens.

Em Pernambuco, no próximo dia 5 de setembro vamos ter uma reunião extra e bem ampliada do Comitê Estadual para discutir os Cursos de Licenciatura em Educação do Campo, que está produzindo uma grande mobilização.

Na IV Jornada Nacional da Rede Jovem Rural no Espírito Santo na semana passada houve uma conferência livre da juventude de cada região e uma nacional.  E em todas foi proposta a implantação da Educação do Campo nas Escolas que recebem os alunos do campo em todas as redes. Participantes da IV Jornada em todas as conferências preparatórias das estaduais e nacionais vão insistir na mesma proposta, para que na Conferência Nacional em Brasília a questão seja retomada como uma luta dos jovens do campo.

domingo, 21 de agosto de 2011

REALIZAÇÃO DA IV JORNADA DO JOVEM RURAL

Essa semana de 23 a 26 está se realizando no município de Domingos Martins no Espírito Santo a IV Jornada Nacional do Jovem Rural. Média de 350 jovens, maioria estudantes dos cursos que usam o regime de alternância, estão se encontrando para aprofundar a questão da Agricultura Familiar e a Profissionalização dos agricultores. A promoção é da Rede Jovem Rural, Arcafat-Sul, Cedejor, MOC, Serta e Instituto Souza Cruz. A Jornada conta com a participação de mais de 40 instituições juvenis e que atuam com formação de jovens.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

CONTRIBUIÇÕES PARA AS CONFERÊNCIAS DE JUVENTUDE - II - Profissionalização na Agricultura Familiar


Assim como faz com a Escola, o documento base trata o trabalho do jovem como emprego. “inserção ativa e digna no mundo do trabalho com mais e melhores empregos (grifo nosso)... item 27 do documento. Melhorar as condições de trabalho é arrumar emprego!

É a mentalidade comum em toda gestão pública estadual e federal de qualquer tendência partidária, da mais conservadora à mais avançada! Quando se fala de carência de mão-de-obra é na indústria, na construção civil, nos pólos industriais e serviços!

Trabalhando com jovens do campo batemos em uma tecla de que na Agricultura Familiar tem e pode ter muito mais “inserção no mercado” e que inserção não é sinônimo, nem se reduz a emprego privado ou público. Há outra forma de gerar renda e produzir riqueza além do emprego.

Assim como dizemos também que “profissionalização” não é só para a cidade, a indústria, os serviços urbanos. Não vemos a Agricultura Familiar como o “trabalho não especializado”, que qualquer um pode e tem condições de desenvolver. Isso já aconteceu, mas hoje vem mudando.

Defendemos a idéia de que para ser Agricultor Familiar precisa ser profissional, precisa estudar muito, pesquisar, empreender, superar preconceitos e desafios, conviver com a competição do mercado, identificar mercados mais favoráveis, usar informática e meios modernos de comunicação.

Historicamente, nosso país convive com a grande maioria dos agricultores familiares que são agricultores porque são herdeiros, ou seja, são filhos de agricultores, nasceram no campo e “como não aprenderam outras coisas, ficaram na agricultura”.

Esse é o entendimento cultural, o filho ou filha da família que estudou mudou de profissão, o que não estudou, ficou em casa para cuidar da terra, como seus pais fizeram!  Essa é a cultura, que está no nosso DNA social. Todos nós pensamos assim.

Mas é esse pensamento e essa realidade que queremos modificar e as Conferências de Juventude pode ser um canal para essa mudança. Queremos dizer que não poderá continuar por muito tempo esse pensamento, que esse pensamento é perverso contra a agricultura.

Essa idéia não levanta a auto-estima, a autoconfiança, a autoria do agricultor de hoje. Essa idéia compara agricultura familiar como um serviço sem exigência, sem pesquisa, sem investimento e sem profissão. Serviço que qualquer um faz, ou seja, mal pago!

Nossa convicção é outra. AF gera renda, trabalho, empreendimento e necessita de muito estudo, muita pesquisa e que essas realidades sejam apropriadas pelos próprios agricultores e agricultoras. Para isso a demanda de trabalho na AF é muito maior do que se imagina!

Explicitando mais! Quando falamos em profissionalização do campo não estamos querendo dizer que precisamos de mais agrônomos, veterinários, zootecnistas, engenheiros de pesca, florestais, de alimento. Estamos falando de outra necessidade, sem negar essa.

Essa necessidade já é percebida pelos gestores públicos. Mas estamos falando de outra necessidade ainda não percebida. A de que os agricultores familiares possam ter domínio de conhecimentos na sua área de trabalho.

Portanto, a segunda proposta para nossas conferências é que:

1.       Haja políticas públicas de profissionalização para a AF, para o Campo e não só para as profissões da cidade, da indústria, dos serviços urbanos.
2.       Essa profissionalização deve viabilizar o trabalho na própria propriedade e não se tornar empregado de outros, deve ser empreendedor.
3.       Para que as propriedades se tornem geradoras de trabalho e renda necessita de políticas públicas de apoio a AF.
4.       A formação profissional deve ter a matriz agroecológica e permacultural e não a matriz do agronegócio.

CONTRIBUIÇÕES PARA AS CONFERÊNCIAS DE JUVENTUDE - I - Educação do Campo

Em um documento base para a II Conferência, de 17 páginas, as referências a juventude do campo é tangencial. Porém, abre espaço para que as questões ligadas às juventudes do campo possam ser incluídas. Como a concepção de campo com a qual o Serta trabalha é de um campo que vai além do rural e do agrícola e inclui as populações dos municípios menores, como as ORNA (Ocupações rurais não agrícolas), nosso esforço nas conferências deverá ter o foco do campo. Sobretudo, em relação a aspectos que não são lembrados e tem pouca visibilidade com outros grupos e propostas. Daí algumas considerações.

1.      Educação do campo.

O documento base passa a idéia de que a escola que está aí, o que se tem a fazer com as políticas de juventude é ampliar as oportunidades de uma educação com qualidade, formação profissional. Ou seja, qualificar melhor a escola existente.

A juventude do campo precisa dizer em alto e bom som que essa escola que está aí, por mais melhorada que seja, passa uma idéia e concepção de campo que não contribuem para melhorar o campo e sim para retirar dele as suas melhores inteligências.

É sempre a idéia de que os jovens inteligentes, capazes vão viver na cidade, vão estudar, pesquisar, formar-se para ter “vida melhor”. Vida melhor é sinônimo de vida na cidade, que paga melhor e com mais conforto e tem mais oportunidade.

O campo é pobre para enriquecer, promover social, cultural e economicamente as pessoas. Por isso, as pessoas de chance devem se preparar para sair. Nosso posicionamento é diferente, precisamos construir estratégias para que seja conhecido.

A escola pública que está funcionando no Brasil precisa assumir a Educação do Campo para os alunos do Campo, quer as aulas funcionem na rede municipal ou estadual ou federal. E assumir EC não é só mexer com algumas disciplinas e alguns conteúdos.

EC supõe que a filosofia para o ensino e a aprendizagem é diferente da que está atualmente nas escolas. Precisa de uma concepção de campo em todas as disciplinas e no projeto político pedagógico. Para isso exige que a escola pesquise o campo com seus alunos e professores.

Conhecer o campo não é só tomar conhecimento das mazelas e pobrezas do campo, e sim da sua potencialidade, beleza, riqueza, diversidade, cultura, oportunidades, espaço de vida com qualidade. Se a qualidade de vida não está presente ainda, precisa chegar.

E para chegar, a escola é protagonista, não pode ficar contemplando outras instituições fazerem o desenvolvimento e ela só contemplando externamente. Não são somente os empresários, o Estado, os trabalhadores que serão protagonistas do desenvolvimento.

Nem a Escola é protagonista só da formação da mão-de-obra. É, sobretudo, da formação da “cabeça-de-obra”, de quem pensa, articula, agrega, pesquisa, analisa, mobiliza, divulga, capacita-se para ser sujeito do desenvolvimento e não mero objeto da ação de outros.

Portanto, a primeira proposta para nossas conferências é que:

1.       O MEC, as Secretarias Estaduais e Municipais, com o apoio do CONSED e UNDIME acolham a Educação do Campo para todas as escolas das redes públicas, aproveitando o acúmulo que já existe sobre esse assunto.

2.       Que para isso estabeleçam um Programa Nacional de formação de professores, gestores, coordenadores pedagógicos, conselhos escolares, conselhos de educação, levando em conta o que já existe no país sobre formação.

3.       E que estabeleçam não só as universidades nesse processo formativo, mas as instituições que detém metodologia de Educação do Campo. Coloque-se no Plano Nacional de Educação cláusulas que garantam um Plano de curto, médio e longo prazo com a garantia de que em um prazo médio teremos EC nas escolas públicas do campo.